Ultimamente tenho visto que as redes sociais, apesar de serem excelentes mecanismos de distribuição de conteúdo, estão sistematicamente doentes. A doença está relacionada ao algoritmo que elas utilizam para relacionar conteúdos de sugestão com o conteúdo que você está consumindo.
Enquanto que este tipo de estratégia de relacionamento de informações funciona muito bem para vender produtos em uma loja de ecommerce, aplicar técnicas similares em redes sociais e de compartilhamento de conteúdo e distribuição de conteúdo pode se tornar um problema para os consumidores de conteúdo que acabam sempre vendo conteúdos similares.
Mais de uma vez eu tenho percebido que ferramentas como o Facebook e o Youtube acabam recomendando conteúdos que nem sempre são da mesma linha do conteúdo que estou assistindo, mas por causa das tags inseridas, acabamos sendo direcionados para conteúdos que são, em grande parte, ruins.
A bolha
A politização da internet veio forte, mas veio com um custo. A bolha. Pessoas que assistem qualquer conteúdo um pouco conservador, se deixaram o Youtube decidir na opção de reprodução automática qual será o próximo vídeo, serão direcionadas para vídeos cada vez mais extremistas, chegando até os vídeos de "teorias conspiratórias" bizarras, preconceitos raciais, e até mesmo extremismos religiosos.
Novamente, enquanto que este tipo de algoritmo pode ajudar quando você está interessado em conteúdo científico, se você estiver consumindo conteúdo prejudicial ou de desinformação planejada, você será cada vez mais tragado para dentro de uma bolha de ideias e pensamentos não muito positivos nem relacionados com a realidade e infelizmente a Internet está cheia de conteúdos assim.
No Facebook chega a ser pior, pois o algoritmo da ferramenta tem a tendencia a te mostrar os posts de quem você mais interage, ou pessoas que tem interagido com conteúdos similares aos conteúdos que você interage. Isso força uma espécie de bolha também, onde você acaba não só consumindo conteúdo que reforça sua crença, mesmo se ela estiver absolutamente incorreta, mas te coloca em contato direto com pessoas que também tem esta mesma crença.
A premissa do pluralismo da Internet e Valor da Informação
A premissa da Internet, pelo menos da forma que eu vejo, sempre foi de trazer e incentivar a pluralidade de informações e beneficiar e enaltecer as informações que tem maior paridade com a realidade ou embasamento em fatos científicos e dados comprovados. Parece porém que em algum momento esta pluralidade se perdeu e as pessoas estão cada vez mais se conectando com pessoas que tem interesses e visões similares.
O resultado direto deste tipo de algoritmo é o que podemos perceber em polarizações absurdas em assuntos que já nem deveriam estar em debate, como por exemplo a terra ser plana, racismo, misogenia, homofobia, entre outras premissas que simplesmente não fazem o menor sentido e são muitas vezes originadas de crenças originadas antes mesmo da existência da ciência e que foram completamente desmentidas pela ciências.
Curadoria a partir da ciência
O que ao meu ver deveria acontecer com as recomendações de conteúdo é ter algum tipo de interpretação ou curadoria, onde por exemplo se a pessoa está assistindo um vídeo que incentiva a crença de terra planismo, houvesse algum tipo de alerta indicando que o terra planismo não é realidade, e alguns vídeos ou links que demonstrem a realidade do conhecimento que se tem sobre este assunto e as formas como se pode, de maneira fácil, compreender que é impossível a terra ser plana, ou centro do universo, e coisas do tipo.
Afinal, de que adianta termos uma vastidão de conhecimento, este conhecimento todo estar disponível gratuitamente online, se as pessoas não tem acesso a ele de forma direta.
A Internet está um ambiente tão fracionado que é possível passar a vida inteira online, sem sequer jamais ter contato com conteúdo adverso a versões de crenças pessoas que são apenas mitos.
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