Oi pessoal, tenho visto muita gente conversando e se indignando com as mudanças que estão ocorrendo entre as operadoras de distribuição de acesso a Internet no Brasil. A revolta é clara, pois pessoas que estão teoricamente acostumadas a um consumo específico de trafego de Internet estão agora tendo seu consumo ceifado com um novo limite de consumo.
Os planos anteriores se condicionavam a velocidade de conexão, sem limites de transferência. Na verdade esta parte de sem limites sempre foi questionável. Afinal em um planeta onde os recursos são finitos é impossível oferecer um serviço infinito ou ilimitado.
O termo de ILIMITADO significa basicamente que os consumidores tinham o direito de utilizar a velocidade máxima de consumo pelo período integral da mensalidade. Algo que é digamos que justo. Não é ilimitado, tem o limite de velocidade, que se for calculado multiplicando a velocidade por segundo versus o tempo de digamos 30 dias de consumo e teremos o real limite.
É alto.
E na realidade ninguém consegue de fato consumir todo este recurso que teoricamente fica disponível. O resultado neste sentido é uma grande quantidade de desperdício.
Por um lado temos um volume enorme de usuários que desejam ter o direito de consumir, mas que de fato não chegam a consumir.
Por outro lado, as operadoras elas pagam a transferência de dados, alugando satélites e infra estruturas terceirizadas que permitem que se tenha internet no Brasil. E neste sentido, a banda é contratada e paga, mesmo não sendo consumida.
Algum tempo atrás operadoras e empresas que geram alto volume de transmissão de dados estavam conversando sobre ter algum tipo de parceria, onde sites como o Google, o Youtube, o Facebook, o Netflix, entre outros, estariam investindo junto nas cotas de transmissão de dados para assegurar acessibilidade em todas as plataformas e junto com todas as operadoras. Vocês devem ter visto planos de utilização de Whatsapp e Facebook ilimitados sendo oferecidos por alguma operadoras, pois bem isso fez parte desta iniciativa.
Acontece que ai surgiu um problema, o Marco Civil da Internet que foi de certa forma gerado para proteger pequenas iniciativas digitais, tentando desta forma assegurar que elas tivessem a mesma chance de ser visualizado em comparação as grandes distribuidoras. A ideia pode ter sido boa, mas muito inocente. As operadoras e transmissoras de grandes volumes de conteúdo são grandes porque tem projetos grandes, porque tem adesão de público e não por ter capacidade de banda. A necessidade da capacidade de trafego veio em função da adesão do público e não o contrário. É de suma importância porém para estas empresas que seus sistemas e websites estejam operando e funcionando corretamente, e por isso elas se preocupam em assegurar a acessibilidade aos seus sites.
O Marco Civil veio e acabou por lei com a possibilidade de se manter este equilíbrio temporário. O ideal é claro seria que nossa infra estrutura de distribuição de conteúdo interna do Brasil fosse auto suficiente e que acompanhasse o crescimento de usuários, porém não é isso que aconteceu. Nossa estrutura não está crescendo. O descaso e falta de instrução e visão do governo pode ser culpado disso, mas para as empresas de distribuição de conteúdo é só vantagem.
Agora as empresas que distribuem conteúdo querem então poder economizar na aquisição de banda e consumo de transmissão de dados terceirizada, oferecendo planos que são de fato contratados por consumo. O problema é que os limites de transmissão de dados são muito pequenos, e é isso que o pessoal está mais apavorado. Nem se comparam por exemplo ao volume de consumo oferecido anteriormente.
Simplesmente o valor da Internet no Brasil vai se tornar talvez mais de 200% mais caro (estou chutando o valor, pode ser mais ou menos, provavelmente mais).
O impacto negativo que isso vai gerar em iniciativas online vai ser dramático. Pessoas terão bem menos capacidade de acessar e visualizar conteúdo. Macel Van Hattem explica no um pouco o que representa a limitação da transferência de dados em comparação de utilização de vídeos.
É importante entender que existe sim uma conexão, mesmo que não muito clara, com o Marco Civil da Internet.
O fato de empresas que distribuem muito conteúdo não poderem investir em ter maior banda para assegurar seus conteúdo, e que todos conteúdos precisam estar com valor e chance igual de ser disseminado significa que nem sempre conteúdos de um determinado website poderá ser exibido, pois outros sites estão na fila.
A solução real para o problema seria o governo brasileiro investir pesado em infra estrutura. Oportunizar ao máximo o acesso a informação, ter uma capacidade de transmissão de dados que seja adequada ao tamanho da população. Aceitando que a Internet é o único caminho da comunicação do presente e do futuro.
Assumir que o volume de trafego de dados no Brasil seja limitado, e com cotas tão caras de consumo apenas demonstra como a infra estrutura de distribuição de dados no Brasil está deficiente.
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